terça-feira, setembro 18, 2007

Para o Futuro

Durante um minuto, por de trás de uma bancada, repleta de artesanato oriental, mais concretamente do Sudoeste asiático, observamos as pessoas a passarem e a passearem. Umas param e põem-se à conversa connosco que, naquele instante, desempenhamos funções diferentes das deles naquele espaço; outras continuam, como que nada os demovesse e arredasse dos objectivos e destinos que traçaram para si mesmos naquele minuto. Quer uns quer outros, riem, numa alegria descomprometida e livre. Alguns calha (por que não podem olhar em todas as direcções, pois, lagartos não são) olharem para nós em expressões de simpatia e empatia, como se em nós os vissem a eles mesmos, embora, naquele momento, os papéis tenham trocado. Nas suas mais autenticas e simples expressões, de olhos abertos e sinceros, de dentes visíveis e extrovertidos, sente-se o amor livre de complexos e de exigências, num mais puro sorriso e verdadeiro olhar, mesmo que de relance, mesmo que longe de um imenso tempo despendido ao mesmo, sente-se, no tempo, e naquele espaço, a eternidade da sua existência.
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Mesmo que sempre lá tivesse estado, o calor aparece, e mesmo que atrás de uma bancada coberta por toldos abrigados estejamos, a temperatura abrasadora obriga-nos a pensar nele e a ele repelir com pensamentos breves, mas que, por curtos segundos, nos tiram as ideias e pensamentos daquilo que antes contemplávamos e adorávamos.
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Os que param, há os que perguntam quanto custa ou os que questionam de onde é, há um pouco de todas as questões que se fazem entre aqueles que pretendem vender e aqueles que perspectivam comprar. Mas ambos sabemos, eles e nós, que para isso ali não estamos; estamos para amar a Festa da relação estreita com o semelhante, com o igual, com o comum. Nesses pequenos instantes, acontece muito e muita coisa para se registar em forma (ou substancia, quem sabe?) de sentimentos e pensamentos a que estes nos obrigam.
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Já o calor, velozmente, foi desviado do pensamento, calha agora reparar no som geral que é projectado no espaço. O som é música para nutrir e exaltar a alma. Soa tal como a um sonhador que repara que de um sonho não se trata, mas dá conta, sim, da real realidade. Soa a fantasia e a sonho, mas não é. É certo, é real, e a mente isso sabe, e isso conta ao coração. O coração pula, não só por um simples movimento repetido e mecanizado, mas por exaltação ao espírito fraterno que invadiu o seu funcionamento. Ele salta e, ao mesmo tempo, grita amor, amor, amor. E cada batida, cada pulo, é um salto para a liberdade de amar, de viver, de querer ser feliz. É um pulo para tudo o que estes seres querem ser e o que querem que todos queiram que sejam – livres de toda a espécie de prisão à razão da sua existência. Razão livre e contra toda a força que quer ditar outros destinos, outras histórias, outras vidas, outras liberdades, outros sonhos, outras realidades. É um pulo para Avante de todas essas coisas más, que aos Homens querem fazer. É um pulo para o futuro, para um belo futuro, mesmo que num só minuto.

por Gonçalo Tomé (Koba)

1 comentário:

Anónimo disse...

Texto muito bem escrito , gostei muito... Tens aqui um belo Blog Catarina, textos muito interessantes... os meus parabens!

um beijinho para ti